Em um cenário de leve aceleração da economia brasileira, as pequenas indústrias reagiram e começaram a colocar o pé no acelerador no terceiro trimestre de 2019. Pesquisa inédita da Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela que o Índice de Desempenho das pequenas indústrias registrou recuperação e ficou em 46,2 pontos entre julho e setembro. O valor é um ponto superior ao registrado no mesmo período de 2018, está 3,3 pontos acima da média histórica e representa o maior patamar para um terceiro trimestre desde 2014, de acordo com o Panorama da Pequena Indústria.
Esta é a primeira vez que a CNI divulga uma sondagem com dados específicos de indústrias de pequeno porte. A pesquisa elenca quatro indicadores: desempenho, situação financeira, perspectivas e índice de confiança. Todos apresentaram recuperação. No caso do desempenho, especificamente, o índice varia de 0 a 100 pontos. Quanto maior ele for, melhor é o desempenho da empresa.
O economista da CNI, Marcelo Azevedo, explica que o dado reflete o aquecimento da economia como um todo registrado no terceiro trimestre. A baixa demanda por bens industriais, que prejudicou a atividade da pequena indústria ao longo de todo o primeiro semestre, perdeu importância em relação aos principais problemas sinalizados pelas empresas.
“A pesquisa mostra que as empresas de pequeno porte começaram a perceber o aquecimento da economia brasileira. Se o Brasil equacionar os principais problemas que afetam os pequenos empresários, relacionados não apenas ao ambiente de negócios, mas também ao financiamento, esse processo de retomada será acelerado”, afirma Azevedo.
SITUAÇÃO FINANCEIRA – A pesquisa também mostra que as finanças melhoraram no penúltimo semestre de 2019. O Índice de Situação Financeira da pequena indústria alcançou 38,2 pontos – valor 1,0 ponto acima do registrado tanto no mesmo período de 2018 quanto da média histórica. Desde meados de 2017, o indicador vinha oscilando perto da série histórica, sem sequências positivas.
PERSPECTIVAS e CONFIANÇA FAVORÁVEIS – Os números da pesquisa da CNI revelam que, depois de reagir no terceiro trimestre, as pequenas indústrias estão otimistas quanto ao fechamento do ano. O Índice de Perspectivas da pequena indústria ficou em 49,9 pontos em outubro. Apesar de ter recuado levemente na comparação com setembro, quando estava em 50,7 pontos, esse indicador encontra-se 3,5 pontos acima do registrado em outubro de 2018 e 4,6 pontos acima da média histórica. O índice varia de 0 a 100 pontos e, quanto maior, melhor a perspectiva da empresa.
O Panorama da Pequena Indústria também analisa o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) da pequena indústria. A confiança reforça a perspectiva positiva dos empresários e permanece alta. Em outubro, esse indicador ficou em 57,5 pontos. Embora o valor corresponda a um recuo de 1,1 ponto na comparação com setembro, o indicador segue 5,0 pontos acima de sua média histórica e 5,4 pontos acima do registrado em outubro de 2018. O indicador varia de 0 a 100 pontos. Neste caso específico, valores acima de 50 pontos revelam a confiança do empresário. Quanto mais acima dos 50 pontos, maior a confiança.
Entre os empresários que retratam o otimismo da pequena indústria brasileira, está Taciana Garcia, proprietária da Gavia Confecções, no Rio de Janeiro. Especializada na fabricação e comercialização de roupas femininas, ela acredita que aumentará o faturamento em 20% em 2020 na comparação com 2019 e já em janeiro pretende contratar dois novos colaboradores. “O empresário precisa se qualificar sempre para estar preparado para enfrentar um mercado cada vez mais competitivo”, comenta Taciana, que participou do Programa de Apoio à Competitividade das Micro e Pequenas Indústrias (Procompi), da CNI em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).